sábado, 1 de janeiro de 2022

Boa Respiração


Quando eu era criança, nos meus oito anos, caí do cavalo quando corria no meio do pasto atrás de alguns bezerros. Pensei que ia morrer no meio do mato, sozinha e sem ninguém por perto pra segurar na minha mão. Fiquei um tempo deitada ali, olhando o cavalo que me cheirava e então percebi que deveria fazer o mesmo, respirar lentamente, como as narinas do meu cavalo perto do meu rosto. Puxei o ar pra dentro de mim e lentamente o soltei, várias vezes. Devagar levantei os braços, movi as pernas, virei a cabeça para o lado e então sorri pra mim mesma… Foi só uma queda de cavalo que me tirou um pouco de ar.

Quando tinha quinze anos, passei estudar a noite, pois arranjei um trabalho de empregada doméstica durante o dia. Em uma noite de lua clara e céu estrelado, um colega de sala pediu para acompanhar-me até em casa e no meio do caminho, parou, segurou minhas mãos, olhou-me nos olhos e beijou-me… Mais uma vez senti que deveria fazer o mesmo exercício quando caí do cavalo… Desta vez não precisei de muito esforço, até gostei de ficar sem ar por alguns instantes.

Com trinta anos, aprendi respirar como cachorrinho, um exercício que deveria praticar para facilitar o nascimento de meu filho Pedro… Foi uma sessão de magia e encantamento esta minha fase de falta de ar, pois ele e seu irmão João Paulo, são os tesouros mais preciosos que tenho na vida.

Hoje, lá fora, vejo muita fumaça e um cheiro forte entra pelas minhas narinas, resultado de uma queimada que as mãos do “bicho-homem” provocou. Necessito de ar limpo para os meus pulmões, água limpa para beber, praias sem lixo para fazer uma linda caminhada de manhã e rios sem poluição para nadar e pescar. Tentei todos os exercícios que pratiquei em várias fases de minha vida, mas não consigo respirar direito…O que fazer ?

Resolvi colaborar pra reduzir a poluição  no planeta ... assim, meus netos, bisnetos e toda a nova geração,  poderão ter boa respiração.

 Boas práticas ambientais é o que nos salvará no futuro!

(Helena Bernardes, texto escrito  anos  atrás, quando  a Floresta  Amazônica ardia  em chamas)

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